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O amor tornou-se meu tema de predileção. Ele apareceu como contraponto para solucionar algumas questões após 2 anos de estudos sobre violência e não-violência.

A questão que trouxe o amor era saber sobre o que impediria o desencadeamento da violência. A hipótese é que o amor funcionaria como uma borda, um basta, um significante que impede o desamparo que estaria na origem da violência.

Além disso, ele traz novos ares, produz novas belezas e dá mais leveza. É mais interessante e prazeroso falar de amor do que de violência.

Quero observar um tipo especial de amor que é o amor da amizade. Este amor que tem um lugar especial na vida de cada um, a característica de ser duradouro e o benefício de auxiliar na estruturação e amarração de um ser.

Philia e Philos são os amores de amigos. Estes amores estão desvinculados do amor Éros e podem conter o amor Ludus. Philia e Philos são amores que estruturam, que amarram, que mantêm a pessoa numa situação de amparo e com certa estabilidade.

Éros é o amor erótico, o amor dos amantes, dos apaixonados, o amor que faz o coração disparar, o amor do prazer em compartilhar os corpos. Ludus é o amor do jogo, da diversão, da alegria, o prazer da companhia e do entretenimento em conjunto.

Éros e Ludus podem dar cores à vida, fôlego, vigor, vitalidade, veemência, alegria. Quando estes acabam ou se desfazem, é Philia e Philos que mantêm a estrutura, a amarração do indivíduo, a rota quando o caminho se fica turvo.

Pragma é o amor envelhecido, amadurecido, típico dos companheiros em Éros que suportaram o tempo. É um amor que se desenvolve com o tempo. É a transformação de Éros no tempo. Éros deixe de existir e podemos pensar Pragma como fruto de Éros com algum deus do tempo – que não seja Chronos. Pragma pode ser um amor que estrutura mas só produz seus efeitos estruturantes após algum tempo.

Para nutrir Filautia – o amor a si próprio, o auto-cuidado, o cultivo de si próprio e do seu jardim secreto – é preciso cuidado e investimento em Philia e Philos. É preciso nutrir estes amores, tanto pela própria preservação e estruturação, como pelo prazer que estes amores produzem.

Basta um aceno de cabeça, uma piada, uma chamada, uma mensagem, um “olá” após 2 anos de silêncio. Philia e Philos estão lá e permanecem lá.

Eis o meu convite a celebrar e nutrir este amor fundamental e estruturante que é a amizade.


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