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A hora de dormir sempre é um pesadelo acordado. Como lidar com o choro dos bebês na hora de dormir? O tema é amplo mas é preciso partir de algum lugar.

Introdução

Eis um começo: qual é a forma de comunicação que um bebê tem com o seu cuidador?

Como ele manifesta que algo não vai bem?

Qual é a ferramenta do bebê para pedir comida, pedir carinho, avisar que está com dor, avisar que está com sono, avisar que algo vai mal, avisar que está com medo, avisar que está inseguro, avisar que está com frio, enfim, dizer que precisa de ajuda?

Se você respondeu choro, concordamos neste aspecto.

Se você respondeu outra coisa, me conte pois quero descobrir novidades.

A condição humana

O choro é a manifestação de que o bebê precisa de algo. O bebê humano está inteiramente dependente de alguém que o proteja e que supra as suas necessidades fundamentais para que sua vida seja mantida. Não somos girafas que já nascem andando e aprendem rapidamente a comer grama. Na Psicanálise, o choro é fundamental na aquisição da linguagem, da comunicação, da construção psíquica, ou seja, na transformação deste bebê em humano.

O anúncio do problema

O choro é a principal ferramenta das necessidades de um bebê que podem acontecer a qualquer hora do dia ou da noite. Tal como um adulto: quem nunca levantou de madrugada para comer algo? Quem nunca acordou no meio da noite querendo um abraço gostoso e quentinho? Quem nunca ouviu um barulho estranho durante a noite e se assustou?

A chegada do problema

Há vários manuais e livros ensinando a fazer o bebê dormir, muitas teorias, estudos científicos, conselhos, consultores. Alguns dizem que devemos deixá-los chorar para que aprendam a dormir sozinhos. Até se dizia que os franceses deixavam os filhos chorarem para aprender a dormir – bom, posso garantir que não foi bem assim que meus amigos franceses fizeram!

Se o choro é uma tentativa de comunicação, o que acontece se não atendemos, se não damos atenção e deixamos o bebê sem amparo?

O bebê chora pedindo ajuda. A ajuda que sempre chegava não chega. Ele continua chorando e a ajuda que era esperada não chega. E ele chora mais e a ajuda ainda não chega e chora mais e ela não chega… até que ele cansa e, exausto e desamparado, dorme.

A primeira derrota do protagonista pequeno

Não, ele não aprendeu a dormir sozinho! Ele chorou tanto que está cansado, desistiu de pedir ajuda. Foi uma grande batalha que gerou uma grande quantidade de estresse (adrenalina, cortisol e tudo mais). E isso se repete por vários dias, sistematicamente.

Numa pesquisa rápida à Wikipédia: «a exposição de longo prazo ao cortisol resulta na danificação das células do hipocampo. Este dano leva à diminuição da capacidade de aprendizagem.» Agora uma pergunta um pouco séria: quais são os danos deste choro no desenvolvimento do bebê? E esta é apenas uma parte do negócio…

A primeira derrota do protagonista grande

Como você se sente deixando seu filho chorar até cansar e dormir?

Será que você não fica minimamente angustiado?

Será que o choro não te incomoda ou provoca uma leve descarga de adrenalina?

Será que você não chora junto, mesmo que «por dentro», afinal «homem não chora!»?

O sentimento de culpa e arrependimento

Há mesmo uma grande razão para não amparar o choro do seu bebê?

Há mesmo uma grande razão para negar um pouco de cuidado a uma pessoa querida que chora?

O que você faria se uma pessoa que você gosta muito estivesse chorando? Você a deixaria sozinha chorando para que «aprenda» sozinha a lidar com a situação?

O que dizem os seus instintos de pai (ou mãe)?

Que tal acreditar um pouco nessa beleza que a natureza e a cultura nos deram: comunicação, choro, fala, linguagem, afeto, carinho, cantigas de ninar, cuidado!

A solução desponta (com música de esperança)

Está pesado? Está duro?

Mas lá no horizonte o sol brilha em forma de soluções!

A primeira é acreditar em você, nas suas sensações, nas suas vontades, nas suas busca por informações e por pessoas que te inspiram.

A segunda solução é colocar o bebê no quarto dos pais e gastar menos energia para atender as demandas do bebê. Consequentemente, o bebê perto otimiza e aumenta as horas de sono dos pais – que já são poucas – e ainda melhora a qualidade do sono: tudo está mais próximo, nítido e suave.

Berço ao lado da cama dos pais ou a «Cama Compartilhada» são alternativas. Seja qual for a sua opção ou possibilidade, nada é mais fácil e gostoso do que esticar o braço para o lado e tocar no seu bebê…. E dormir com a mão nele fazendo carinho!

Fiquem tranquilos que eles não irão dormir na cama dos pais até os 30 ou 40 anos. O meu pequeno, no alto de seus 2 anos, já pedia para ir dormir na sua cama. Além do mais, a adolescência chegará, marcará a independência e, também, o espaço privado onde nenhum pai (nem mãe) é bem-vindo.

O final feliz

Aproveitem a proximidade, aproveitem o carinho. E deem carinho, e deem afeto, e deem atenção, e atendam aos choros. Empatia com as necessidades dos bebês pois eles são apenas pessoas pequenas.

E isto não acaba aqui: ainda sobra muito para pensar sobre choro, manhas, birras, ataques, chiliques, manipulações e joguetes das crianças e dos bebês.

Coda

P.S.: Recomendo o vídeo «Não Deixe Seu Bebê Chorando para Dormir» do «Paizinho, Vírgula»!

07/Jun/2017


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